janeiro 21, 2011

27 de janeiro: é hora de reagir tod@s à greve geral

Ante a teima do governo espanhol de fazer recair o peso da recuperaçom económica sobre @s trabalhadores/as devemos manifestar o nosso total rejeitamento. Por isso apoiamos a convocatória de greve geral galega para o próximo 27 de Janeiro.
Os avanços conqueridos durante décadas de reivindicaçom e segurados num sistema relativamente estável de proteçom social estam a ser destruidos nos últimos anos.
A reforma das pensons que decretará o governo é mais um passo no desmantelamento do já precário estado do bem-estar do estado espanhol em comparaçom com a situaçom doutros paises europeus, pois o estado espanhol é o que menos gasta em pensons de Europa menos ainda que Portugal.
A iminente reforma das prestaçons para os reformados (jubilados) consiste em demorar até os 67 anos a idade mínima para se poder reformar (jubilar-se) e em ampliar o periodo de tempo utilizado
para o cálculo das pensons. Isto fazerá que o seu importe diminua consideravelmente o que agrava mais a situaçom que temos na Galiza com as pensons mais baixas do estado. Com estas medidas as pensons podem diminuir até um 25% mentres as cotizaçons empresariais à segurança social ficam reduzidas sendo subvencionadas as indemnizaçons por despedimento com dinheiro público.
Ademais vai-se a aumentar o tope para as pensons máximas e baixam o límite mínimo das pensons mais baixas com o que os ricos cobrarám mais e as pensons mínimas decrescerám.
Os informes que aconselham todas estas mudanças som realizados por economistas pagados pola grande banca e pola patronal espanhola. Assim se entende que as suas recomendaçons ao governo impliquem um grande negócio para a grande banca e os empresários. O governo espanhol pom-se assim ao ditado do capital financeiro e contra a maioria da sociedade.
É mentira que o sistema de segurança social seja inviável a meio ou longo praço pois segue a observar superávit ainda hoje com umha taxa de desemprego do 20% no conjunto do estado. Mesmo o peso das pensons em términos de PIB tem-se reduzido porque é maior o aumento relativo do PIB a respeito do acréscimo das prestaçons. Polo que nom há perigo de quebra do sistema público.
O que querem é a extensom dos sistemas privados de pensons e maior negócio para a banca fortalecendo
assim um modelo especulativo de economia onde o capital financeiro com os seus jogos criminais nos mercados bursáteis internacionais som quem de apoiar agora por conveniência a umha empresa, país ou sector que dentro de poucas horas ou dias farám cair vendendo as suas acçons ou títulos de dívida pública, para lograr um lucro rápido que nom sabe de sentimentos, de comprensom das tragédias humanas que detrás destas operaçons criminais ficam acochadas, que nom ajudam a instaurar as bases para umha economia social onde a produçom seja planificada em funçom das necessidades da sociedade e nom em funçom do lucro de só uns poucos que o possuem e o controlam tudo.
Na sua posiçom de atentar em contra d@s trabalhadores/as, a política criminal e anti-democrática do governo espanhol manelhado como um títere polos banqueiros chega a paradoxa de congelar as Pensons Públicas com a que o Estado poupou 1530 milhons de euros ao tempo que perdeu 1440 milhons de euros pola desgravaçom fiscal no IRPF das Pensons Privadas das pessoas ricas contratadas em Bancos e Aseguradoras.
Ademais advertimos que os fundos de pensons privados afinal nom garantem umha prestaçom segura pois pola sua própria natureza especulativa podem dar em quebra e provocar que a poupança (aforros) de toda umha vida d@s trabalhadores/as desapareçam como por arte de magia por umha má gestom dos fundos de pensons.
Quem aprovam estas medidas nom reformam as suas Pensons. Deputadas e Senadores com 7 anos de mandato tenhem assegurado o 80% da pensom máxima, uns 30 mil € por ano e podem-se retirar aos 60 anos. Se perdem o escano, cotizam-lhes até a jubilaçom. Por isso buscam como alimanhas entrar no circo do congresso ou o senado. Pouco lhes importa o futuro e os problemas da nossa sociedade.
E para o caso tanto tem o PSOE como o PP, lacaios da banca e da patronal, todos especuladores com os recursos da nossa sociedade.
Contra a reforma laboral e contra a reforma das pensons que atenta directamente contra as pessoas que com o nosso trabalho mantemos a sociedade é que animamos à reposta clara de unidade de todo o povo trabalhador galego e de Marim e comarca.
CONTRA O TERRORISMO DOS BANQUEIROS, DOS SEUS TÍTERES NO GOVERNO E DA PATRONAL,
GREVE GERAL NACIONAL GALEGA !!!

janeiro 13, 2011

"Capitalismo: o que é isso?" por Emir Sader

As crises revelam a essência da irracionalidade do capitalismo: porque há excesso de produção ou falta de consumo, se destroem mercadorias e empregos, se fecham empresas, agudizando os problemas. Até que o mercado “se depura”, derrotando os que competiam em piores condições – tanto empresas, como trabalhadores – e se retoma o ciclo expansivo, mesmo se de um patamar mais baixo, até que se reproduzam as contradições e se chegue a uma nova crise...

As duas referências mais importantes para a compreensão do mundo contemporâneo são o capitalismo e o imperialismo.

A natureza das sociedades contemporâneas é capitalista. Estão assentadas na separação entre o capital e a força de trabalho, com aquela explorando a esta, para a acumulação de capital. Isto é, os trabalhadores dispõem apenas de sua capacidade de trabalho, produzir riqueza, sem os meios para poder materializa-la. Tem assim que se submeter a vender sua força de trabalho aos que possuem esses meios – os capitalistas -, que podem viver explorando o trabalho alheio e enriquecendo-se com essa exploração.

Para que fosse possível, o capitalismo precisou que os meios de produção –na sua origem, basicamente a terra – e a força de trabalho, pudessem sem compradas e vendidas. Daí a luta inicial pela transformação da terra em mercadoria, livrando-a do tipo de propriedade feudal. E o fim da escravidão, para que a força de trabalho pudesse ser comprada. Foram essas condições iniciais – junto com a exploração das colônias – que constituíram o chamado processo de acumulação originaria do capitalismo, que gerou as condições que tornaram possível sua existência e sua multiplicação a partir do processo de acumulação de capital.

O capitalismo busca a produção e a comercialização de riquezas orientada pelo lucro e não pela necessidade das pessoas. Isto é, o capitalista dirige seus investimentos não conforme o que as pessoas precisam, o que falta na sociedade, mas pela busca do que dá mais lucro.

O capitalista remunera o trabalhador pelo que ele precisa para sobreviver – o mínimo indispensável à sobrevivência -, mas retira da sua força de trabalho o que ele consegue, isto é, conforme sua produtividade, que não está relacionada com o salário pago, que atende àquele critério da reprodução simples da força de trabalho, para que o trabalhador continue em condições de produzir riqueza para o capitalista. Vai se acumulando assim um montante de riquezas não remuneradas pelo capitalista ao trabalhador – que Marx chama de mais valia ou mais valor – e que vai permitindo ao capitalista acumular riquezas – sob a forma de dinheiro ou de terras ou de fábricas ou sob outra forma que lhe permite acumular cada vez mais capital -, enquanto o trabalhador – que produz todas as riquezas que existem – apenas sobrevive.

O capitalista acumula riqueza pelo que o trabalhador produz e não é remunerado. Ela vem por tanto do gasto no pagamento de salários, que traz embutida a mais valia. Mas o capitalista, para produzir riquezas, tem que investir também em outros itens, como fábricas, máquinas, tecnologia entre outros. Este gasto tende a aumentar cada vez mais proporcionalmente ao que ele gasta em salários, pelo peso que as máquinas e tecnologias vão adquirindo cada vez mais, até para poder produzir em escala cada vez mais ampla e diminuir relativamente o custo de cada produto. Assim, o capitalista ganha na massa de produtos, porque em cada mercadoria produzida há sempre proporcionalmente menos peso da força de trabalho e, por tanto, da mais valia - que é o que lhe permite acumular capital.

Por isso o capitalista está sempre buscando ampliar sua produção, para ganhar na competição, pela escala de produção e porque ganha na massa de mercadorias produzidas. Dai vem o caráter sempre expansivo do capitalismo, seu dinamismo, mobilizado pela busca incessante de lucros.

Mas essa tendência expansiva do capitalismo não é linear, porque o que é produzido precisa ser consumido para que o capitalista receba mais dinheiro e possa reinvestir uma parte, consumir outra, e dar sequencia ao processo de acumulação de capital. Porém, como remunera os trabalhadores pelo mínimo indispensável à sobrevivência, a produção tende a expandir-se mais do que a capacidade de consumo da sociedade – concentrada nas camadas mais ricas, insuficiente para dar conta do ritmo de expansão da produção.

Por isso o capitalismo tem nas crises – de superprodução ou de subconsumo, como se queira chamá-las – um mecanismo essencial. O desequilíbrio entre a oferta e a procura é a expressão, na superfície, das contradições profundas do capitalismo, da sua incapacidade de gerar demanda correspondente à expansão da oferta.

As crises revelam a essência da irracionalidade do capitalismo: porque há excesso de produção ou falta de consumo, se destroem mercadorias e empregos, se fecham empresas, agudizando os problemas. Até que o mercado “se depura”, derrotando os que competiam em piores condições – tanto empresas, como trabalhadores – e se retoma o ciclo expansivo, mesmo se de um patamar mais baixo, até que se reproduzam as contradições e se chegue a uma nova crise.

Esses mecanismos ajudam a entender o outro fenômeno central de referência no mundo contemporâneo – o imperialismo – que abordaremos em um próximo texto.

[Artigo tirado do sitio web ‘Agência Carta Maior’, do 5 de janeiro de 2010]
 
Emir Sader é Profesor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Río de Janeiro (Uerj), é coordinador do Laboratorio de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de "A vingança da História".